Pegação no Parque Municipal

Gay Footing

Poderia ser até melhor, se não tivesse tanto empata foda,,,
Foto: Guarda Municipal correndo atrás de peladão no parque (jan/2013)

Primeira área de lazer e contemplação da cidade, o Parque Municipal Américo Renné Giannetti foi inaugurado em 1897, antes mesmo da inauguração da nova capital mineira, na antiga Chácara do Sapo. Ele foi inspirado nos parques franceses da Belle Époque, com roseiras, coreto, chafariz, lagos... É um verdadeiro alívio no meio da metrópole, com mais de 50 espécies de árvores, além de diversos equipamentos de lazer. Fazem parte também o Teatro Francisco Nunes e o Palácio das Artes, situado entre a área hospitalar e o hipercentro.

Além de uma ótima opção de lazer para quem se encontra no centro de BH, o Parque Municipal se tornou um point para a prática de esportes, relaxamento, namoro, paquera e... pegação! Esta última acontece basicamente nos banheiros, além das áreas de convivência, como a praça anfiteatro com os bustos dos fundadores e construtores da cidade, Aarão Reis, Afonso Pena, Augusto de Lima e Bias Fortes.

Áreas de footing e pegação no Parque Municipal BH:

BANHEIRÃO 1 – de frente ao coreto e ao lado da entrada da av. Afonso Pena, abaixo do Mercado das Flores;

BANHEIRÃO 2 – em frente à administração do parque e abaixo das esculturas em metal dos fundadores, entre as entradas da alameda Ezequiel Dias e da av. Carandaí;

BANHEIRÃO 3 – atrás da área dos brinquedos, junto ao orquidário e próximo a portaria pela av. dos Andradas.


Em Belo Horizonte, praticamente não há banheiros públicos, onde os frequentadores da área central da cidade utilizam então os banheiros do Shopping Cidade, dos Mercados e shoppings populares, da rodoviária ou, quando aberto, do Parque Municipal, que é o único de graça. Assim, o local é realmente frequentado por todo tipo de gente. Porém, muitos ignoram esta situação, que merece bastante discrição, e se comportam como se estivessem em um banheirão de boate gay, sauna ou cinema pornô. Para quem curte a pegação gay, nenhum problema. Mas para os desavisados e que não apreciam a prática, acabam (com razão) se sentindo ofendidos e... empatando a foda!

CollegeRestroom

Como em toda pegação, a de banheiro, conhecida como  banheirão,  pode ocorrer de diversas formas: apenas uma “manjada de rôla” ou para uma eventual cantada e trâmites futuros; uma pegadinha, punheta ou boquete (rápidos); e até uma foda completa em uma das casinhas (privativo) – tudo vai depender da abertura que o outro vai dar (como em toda paquera ou pegação) e, principalmente, da viabilidade do ambiente, seja pela vigilância ou ao entra-e-sai dos usuários. Afinal, se não se trata de um "lugar gay", apenas um local público, todo o cuidado e discrição são poucos.

Por outro lado, a grande movimentação se torna um forte atrativo para quem busca encontros diversificados, fortuitos e até inusitados - é mesmo do gênero masculino o gosto por novidade, a curiosidade e a experimentação, tudo sem grandes moralidades, contudo, se no sigilo.

Nesta linha tênue entre ser discreto e chamar atenção só para quem nos interessa, algumas atitudes podem comprometer a boa e velha pegação. Certos comportamentos podem não ser bem vistos pela segurança local, pelo vigilante faxineiro ou por algum usuário ofendido.

Os empata foda

Mesmo sem nenhuma abertura, sinal ou correspondência dada pelo outro, tem cara (de pau) que manja rôla sem nenhuma cerimônia, como se todo homem curtisse pegação gay.
Foto: cara parado na entrada do Banheirão 2 com celular

Esta é uma das atitudes inconvenientes (ou “sem noção”) que acaba gerando reclamações à administração do parque que, por sua vez, aciona a Guarda Municipal. Também tem os vigilantes, faxineiros ou zeladores dos banheiros, que odeiam ver mictório entupido com papel higiênico que jogam, ou limpar pôrra do chão, das privadas, paredes, portas... E ficam como verdadeiros policiais da pegação, para ninguém fazer do 'seu banheiro' um motel.

GM, câmeras e X9

Um detalhe que muitos não sabem é que os guardas municipais se articulam através da central que monitora as câmeras de vigilância, espalhadas por todo o parque, e se comunicam através do WhatsApp! Assim, basta um comportamento suspeito visto por uma destas câmeras para a GM chegar em menos de um minuto. O mesmo ´pode ocorrer quando alguém sai revoltado do banheiro, por ter presenciado algo “contra a moral e bons costumes”, e vai direto reclamar com um dos guardas. E é só eles chegarem para então sair do banheirão uma infinidade de gente, confirmando que "boa coisa" não tava rolando.

Já vi, várias vezes, abordagens da GM. Em uma delas, dois novinhos estavam recebendo sermão de um guarda, sentados na entrada do Banheirão 1, onde aguardavam a chegada de reforço para conduzi-los até a administração. Outra vez, foi um verdadeiro coió dado por um GM, ao se deparar com o banheirão cheio, com o mictório lotado. E ele dizia aos gritos: "Vamo, vamo, terminou (de mijar), vaza!" - abusando da autoridade, acusando todos ali de algo ("atentado ao pudor") que não flagrou, ou como se fosse crime ser gay ou manjar uma rôla com o consentimento do outro.

Quanto às denúncias, é claro que a GM tem muito mais o que fazer do que ficar empatando a pegação, até pelo fato do parque ser também um refúgio de mendigos, drogados / alcoólatras e delinquentes de todo tipo. Sem maiores preconceitos, as pessoas em geral (gays e héteros) se comportam mal, no sentido de ainda não saberem utilizar as lixeiras ou qualquer outro equipamento público, com vandalismo e falta de educação recorrentes, além das ocorrências verdadeiramente policiais. Assim, os abusos podem vir das duas partes, seja pelos visitantes e frequentadores do parque ou pelos guardas e zeladores.

Gas Station Workers

Os zeladores

Imagine você, trabalhar cuidando de banheiro público, do porte dos banheirões do Parque Municipal? Certamente ficaria puto em ter que ficar desentupindo privada, mictório e limpando pôrra alheia. A não ser que seja tarado por tudo isso, usar os banheiros públicos com discrição requer também alguns cuidados, justamente para não provocar a ira dos vigilantes.

Como citado anteriormente, a falta de educação é geral, mas, para os homofóbicos (gays enrustidos para si mesmos), a culpa será sempre dos gays e vão logo reclamar dos "viado". Já vi muito zelador de banheiro ficar esbravejando ódio contra as bibas, por saberem o que fazem nos banheirões e por acreditarem que são os únicos culpados pela sujeirada no local.

Os moradores de rua

Por falar em sujeirada, uma prova de que existe um forte preconceito entre os vigilantes, guardas e zeladores (e outros homens em geral), é que os moradores de rua fazem o que bem entendem nos banheirões do parque e ninguém faz nada! Alguns tomam até banho na pia, carregam seus sacos e sacolas para a casinha à fora, fazem barba, espalham jornal pelo chão, nas privadas e tudo mais.

Nesta, digamos, "carta branca" dada pela sociedade, estes sujeitos se tornam também uns empata, permanecendo horas no banheiro e, logo, atrapalhando a pegação. Como se não bastasse, há também a possibilidade de um deles se sentir ofendido com a pegação gay (como é possível de ocorrer com qualquer outra pessoa, até mesmo homossexual), e sair gritando aos quatro ventos que ali tá rolando putaria... Olha o vexame!

Os indiscretos

O termo "discreto" pode ser interpretado de formas distintas, mas é basicamente algo que não chama atenção - neutro. Entre os gays, discreto virou sinônimo de gay que não parece gay. Assim, muita biba se 'traveste de macho', com camisa de futebol, boné adolescente, no intuito em parecer másculo ou, pelo menos, manter-se no formato padrão heteronormativo e juvenil, mesmo sem mais idade pra se vestir como um lek. Mas não é necessário tanto, a não ser que seja o real estilo do cabra, para ser discreto na pegação em local público.
Foto: biba lendo livro didático sentado dentro do Banheirão 2

Ser discreto na pegação é ter o gaydar e o simancol bem aguçados. É estar ciente de todas as nuanças apresentadas aqui, os perigos e, por fim, não dar manota. É se comportar de forma sustentável, para que aquele ambiente continue propício para novas pegações, ainda que nunca mais volte lá.

Além dos vigilantes e alheios à pegação gay, outros frequentadores podem não gostar do mesmo que você gosta. Aí, a situação é a mesma do que com qualquer pegação ou paquera, seja em locais públicos, gays ou convencionais: gosto não se discute!

Então, vão aí algumas dicas para uma boa e segura pegação nos banheirões, em especial no Parque Municipal:

1. Não ficar ensebando na pia, despistando que está lavando as mãos, escovando os dentes ou no celular - isto intimida quem está no mictório, ficando estes com receio de estarem sendo flagrados, inclusive por câmeras de vídeo. Sabemos que todo mundo é voyeur, mas são poucos os exibicionistas e, só o fato de estar com mais gente no ambiente, muitos, mesmo loucos por dar uma pegadinha, ficam travados e acabam não fazendo nada por causa da galera que fica olhando;
2. Se gozar fora, limpar com papel higiênico e não jogue papel no mictório - pegar com a boca na botija pode ser o mesmo que confirmar ou constatar o ato pelos vestígios deixados no local (do 'crime');
3. Não ficar na entrada do banheiro, nem ficar sentado na porta - acha que os vigilantes vão acreditar que está esperando a esposa ou namorada sair do banheiro feminino? Conta outra, pois esta possibilidade não existe. Fica na cara que está ali, esperando alguém interessante entrar e, em seguida, entrar atrás. Afinal, com tanto espaço no parque, por que permanecer logo na entrada de banheiro? Lembre-se que, fora dos banheiros, "você está sendo filmado";
4. Quando o vigia ou guarda chegar, não sair todo mundo de uma vez e nem se intimidar com os abusos de alguns. Melhor fingir que nem é com você e terminar o xixi (de mentira) normalmente, lavar as mãos e sair sem dar na cara que está sendo expulso. Caso alguém venha lhe ofender, saiba que não há atentado ao pudor sem provas ou flagrante, e que ser gay não é crime.

O ideal é não demorar muito, seguir o ritmo natural do entra e sai, tanto para não dar bandeira quanto para não atrapalhar outras pegações, caso a pega não seja contigo. É claro que se trata de toques singelos, até porque cada um sabe de si, mas acho que, pra quem curte uma boa pegação, seria melhor manter o potencial erótico dos lugares públicos, onde justamente é a discrição a alma do negócio.

Área verde

É realmente muito bom ter uma opção de lazer como o Parque Municipal. Seja para cortar caminho, por um mais agradável e menos congestionado, para fazer uma horinha depois do almoço, ler um livro, navegar na internet (Wi-Fi grátis), tirar uma soneca nas sombras das árvores, fazer uma caminhada ou corrida, exercitar, estudar... Ou fazer um programa romântico, alugando os barquinhos a remo, um piquenique ou um encontro à beira do lago.

Além da pegação nos banheiros, podemos dizer que toda a área verde pode ser cenário de encontros casuais, cheia de pracinhas e refúgios para ficar sossegado, em pleno centrão da cidade. Nestes lugares, a pegação é ainda mais discreta, diferente de outros parques com áreas mais desertas para o cruising, funcionando mais como um verdadeiro footing, onde as pessoas andam na intenção de encontrar uma paquera ou apenas jogar conversa fora e conhecer gente, seja gay ou hetrossexual. E este tipo de pegação, o footing, é tão antigo quanta a própria pegação em banheiro masculino.

E é bom estar sempre de olhos abertos, não só pra manjar rôla, mas para não cair em armadilhas. Tem aqueles que usam o parque ou seus banheiros para catarem alguém e, depois, irem para outro lugar mais à vontade. Mas tem também os golpistas, que usam a mesma estratégia, porém, te assaltam quando em situação vulnerável. Um desses tem a tática de fingir está fazendo pegação no banheiro e oferece ir para um local perto do parque. No caminho, ele começa a ameaçar em fazer escândalo se não pagar o que combinaram (na verdade, não há trato algum, ele inventa, assim como seu blefe em fazer vexame ou agredir) - ele não deve bater bem da cabeça, mas é sempre bom alertar.

Parque Municipal
Endereço: Avenida Afonso Pena, 1.377 - Centro / BH
Horário de funcionamento: de terça a domingo e feriados, das 6h às 18h

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